20/11/2013

O caminho até aqui - parte I

O primeiro passo efetivo rumo à minha maternidade se deu em novembro do ano passado.
Então que, como disse no segundo post, mudei de tema no mestrado e estou nesta de escrever sobre parto, eu que já lia muito sobre o assunto, mais por curiosidade e desejo de me preparar para o que viria, num futuro até então incerto.
Com esta linda desculpa, me inscrevi no 21o. Encontro Nacional de Gestação e Parto Natural Conscientes, esse evento de nome pomposo que recebi a divulgação em meu email. Fui lá ver qual era, aprender, ouvir, conhecer pessoas.
O encontro era numa sexta, sábado e domingo aqui no Rio de Janeiro, num auditório simplesmente lindo, janelões abertos, luz natural entrando, um clima bem diferente dos novembros cariocas, onde os aparelhos de ar condicionados gelam todos os lugares possíveis.
Resumindo: o Encontro foi tão intenso sexta e sábado, que não tive corpo para voltar domingo. Cada palestrante demonstrava tamanho respeito pelo tema, uma aposta tão profunda e verdadeira, uma militância na vida, que nunca havia presenciado em nenhum evento do tipo. Doulas, pediatras, enfermeiras, parteiras, acadêmicos...independente da via de ligação com a temática, todos estavam de tal forma imbuídos na preocupação de divulgar, informar e reproduzir um pensamento de respeito ao nascimento, ao processo de gestar, parir e cuidar, que me tocou profundamente. Revi minha relação com meus pais, meu processo de ser gestada, nascida (de cesárea eletiva) e cuidada, aprendi e refleti muito.
O público era muito variado, desde doulas que viajaram centenas de quilômetros, até casais, mães e pais, profissionais, crianças. Isto favoreceu o tema das palestras, sem aquele ar professoral tão presente em eventos, mas uma calorosa conversa, onde todos estavam em sintonia.
A partir deste evento, me senti realmente no caminho para poder também gerar. Me senti extremamente privilegiada por poder aprender tudo isso antes de estar grávida ou ser mãe, por ter tempo para processar essas informações e sentimentos sem estar atravessada pelo turbilhão de hormônios e medos que vêm junto com o filho.
Uma semana depois deste encontro, uma das palestrantes, inglesa, a Julie Garland, fez um workshop voltado para casais que pretendem ter filhos, baseado num programa que ela oferece na Inglaterra para este público. Basicamente ela fala sobre preparação física, emocional e até espiritual para o processo de gestar. Muitíssimo interessante. Fomos eu e meu companheiro, um pouco desconfiado, mas topando experimentar. Foram quase 10 horas de grupo de conversas, experiências e aprendizados e, para falar o mínimo, foi transformador. Fundamental!
Assim, em novembro de 2012, essa revolução teve início.
Do particular, privado, para o coletivo. O que esse aprendizado teve de importância para meu próprio crescimento pessoal, acabou se tornando tão grande que não coube e transbordou, teve que sair, pra atingir também outras pessoas.
Mudei de tema, conheci pessoas, me inscrevi em dois cursos de formação de doulas (com abordagens diferentes e igualmente maravilhosas).
Participei de um parto como doula voluntária numa maternidade pública aqui no Rio. Vi muita violência obstétrica, tanta que me impediu de voltar.
Agora acompanho 3 gestantes e seus bebês, ansiando apoiá-las num parto respeitoso.
Mas o principal foi a urgência em dar continuidade na preparação física e mental para gestar, mesmo sabendo que provavelmente ainda demoraria um ano inteiro para isso...

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