28/11/2012

Violência Obstétrica, isso existe!

Então que essa de entrar em um campo completamente novo, tanto pessoalmente como academicamente, tem me levado a lugares e pessoas muito interessantes.
Teve o X Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da ABRASCO, o qual acho que foi o segundo congresso da minha vida que realmente me dediquei. Realmente corri de um lado pro outro atrás de palestras, fui falar com palestrantes, cara-de-pau que sou me enfiei em um chopp delicioso e fui muito bem acolhida por militantes e pesquisadoras da área. Foi lindo. Só reafirmou minha certeza de ter feito a coisa certa ao mudar de tema da dissertação e também sobre a importância dessa discussão e ativismo.
Neste congresso assisti, no lançamento, ao documentário: Violência Obstétrica, a voz das brasileiras, feito pelos incríveis Bianca Zorzam, Ligia Moreiras Sena, Ana Carolina Arruda Franzon, Kalu Brum e Armando Rapchan. Video forte, emocionante, revoltante, indigesto. Imperdível.
O lançamento nacional se deu dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, numa ação coletiva de diversos blogs e sites, além de redes sociais.
Este humilde bloguito recém-nato entra na dança e divulga também, mesmo atrasadinho.
Tem 52 minutos, cliquem aqui, assistam. Divulguem. Reflitam.
Essa violência tem que ser denunciada, de modo que possamos evitar sua reprodução, sua naturalização.

27/11/2012

Gestando, Nascendo

O mundo não é de chãozinho verde e céu azul como está aqui atrás. Ou melhor, não que eu saiba.
O meu mundo, do Rio de Janeiro governado pelo PMDB, gastando todo o dinheiro público para transformar parte da cidade em um grande ponto turístico (mais do que já é, naturalmente bela), privatizando a saúde pública, encarcerando quem devia cuidar, perseguindo a população de rua, acabando com a cultura popular, jogando spray de pimenta em alguns manifestantes, pagando passagem pra outros...bom, não é mesmo.
Mas o verde e o azul estão lá, de alguma forma. Então, como boa otimista, me atenho a eles para sorrir e apostar na mudança, na informação, na transformação. Novas cores, novos olhares, produzindo nova realidade.
Criei este blog há 3 anos. Precisava escrever minhas coisas, pessoais, dividir. Perdeu o sentido. Mas mantive o nome, engraçadinho, e muitas foram as vezes que tentei retomá-lo e tive vontade de escrever. Outras coisas, outras reflexões. Nunca rolava.
Agora me deparo com um ativismo que me impele a retomá-lo de verdade, definitivamente.
A maternidade ativa, a gestação e parto naturais, as discussões de gênero. Começou como furor informativo de uma leitora voraz. Explico.
Penso em engravidar. Talvez em 1 ano ou dois. Se para ser psicóloga foram tantos livros, artigos, horas-aula, estágio, monitoria, iniciação científica e ainda tantas questões permanecem, para ser mãe, pensei que deveria estudar por pelo menos 2 anos. Comecei a buscar coisas na internet, interrogar a irmã pediatra e neonatologista, buscar artigos. Descobri a tal "blogosfera materna". Blogs incríveis, outros nem tanto, outros prescritivos, normativos. Mas tive acesso a muitos textos e discussões que me transformaram. Mulheres apaixonantes.
E descobri que o mundo (de novo) não é verdinho e azul. Que as mulheres estão perdendo cada vez mais a autonomia sobre seus corpos e o direito de escolha. Estão sendo violentadas, enganadas, iludidas. Que o sistema de saúde do país fez sua escolha por um modelo hospitalar e cirúrgico de nascimento de seus bebês e que isso já é a norma, naturalizou-se. Que isso produz mulheres com medo, que não querem se haver com seus corpos, seus fluidos, suas dores. Que a sociedade do espetáculo atingiu os nascimentos - e o lucro rola solto.
Isso tudo tá aqui, entalado.
Com isso, resolvi dissertar sobre o assunto. Larguei a privatização do SUS que está acontecendo em todo o país, com caso emblemático no Rio de Janeiro e me jogo de corpo e alma no tema da medicalização. Dos nascimentos, dos corpos, da vida. E, como boa otimista, vejo o lindíssimo movimento de desmedicalização que também está aí.
Porque como diz Foucault, todo poder traz consigo a resistência. E a resistência é bonita demais. Na internet, na academia, nas ONGS, nos grupos de discussão de pais e mães. Estou dentro. Faço parte. E este blog também.
Espero que eu consiga ser mais uma sementinha. Mais um chute no conservadorismo.
Venha! Leia-nos e leia os blogs ali do lado também.