01/04/2014

A 25a. Semana ou A dissertação



Como fiquei dois dias trabalhando direto como doula e outros 3 tentando me recuperar das fortes emoções e do cansaço, não deu pra finalizar a dissertação na semana anterior, que era meu plano inicial.
Peguei firme nesta semana, me dediquei bastante e nem acreditei: EU ENTREGUEI A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO.
Não, não acabou ainda. Ainda não é a festa completa de final de mestrado. Mas foi um passo importantíssimo. Entreguei a primeira versão pro meu orientador. Ele fará sugestões de alteração, irá para um professor da universidade dar seu parecer e finalmente haverá a banca de defesa, onde terei 20 minutos para apresentá-la a 3 professores da área (sendo 1 obrigatoriamente de outra universidade). Aí sim estarei livre!!!!
Mas para mim, o mais difícil era esta primeira entrega, que eu estava temerosa de não conseguir fazer!
Agora posso ser só uma gestante! Estou trabalhando, levando a vida normalmente, mas só de não ter aquela coisa martelando na minha cabeça (o prazo, será que vou conseguir, ai que vontade de desistir, etc), me sinto mais leve. Quero pensar no enxoval, ir ao cinema, reencontrar minhas amigas...tanto que quero fazer antes da filhota nascer...
Nesta semana, após muito conjecturar e debater, definimos o nome dela: será Beatriz. Achei essa responsabilidade tão grande a até algo autoritária, a de dar o nome a alguém. Mas é preciso, né! Então assumimos a responsabilidade, conversamos muito e está definido.
Eu gosto muito de Clarice. Meu marido de Clarissa. Não chegamos num acordo. As segundas opções seriam Cecília ou Beatriz. Mas como o significado de Beatriz é "a que traz felicidade", foi o que faltava para batermos o martelo. E assim virá nossa filha querida, Bia, Bibs ou Biboquinha, segundo já a chamamos!
Ela segue mexendo muito, serelepe, sinto minha barriga tão esticada que nem sei como temos mais 3 meses pela frente com ela crescendo! Passo bastante creme e bola pra frente (literalmente!!!).

25/03/2014

As 23a. e 24a. Semanas ou O Primeiro Parto



Após as maravilhosas notícias de que gesto uma filha e de que ela está bem na minha barriga, a 23a. semana foi de alívio. Consegui escrever um pouco a dissertação, relaxar no carnaval, descansar. Ganhei uns presentinhos fofos de uma amiga. Ouvi também alguns comentários machistas, viu. Como algumas pessoas ainda acham que um filho tem mais valor que uma filha, né? Fiquei chocada, mas infelizmente não foi surpresa. Mas nada nada iria tirar minha alegria e serenidade, agora que sei que ela está bem, mexendo, serelepe e saudável!
23a semana foi só alegria, descanso e um pouquinho de estudo!



A 24a semana foi pura emoção. Primeiro quero mencionar que comecei a ver discretamente uma linha nigra, que ainda não está bem pretinha não, mas já começa a aparecer entre o púbis e o umbigo, muito interessante!
Depois é importante mencionar que peguei muito firme na dissertação, a ponto de eu realmente acreditar que vou conseguir terminar - o que eu ainda duvidava, confesso! Me entreguei de corpo e alma, escrevi cerca de 8 horas por dia!
E aí, no final da semana minha última gestante e amiga, que acompanho como doula, entra em trabalho de parto. Foram 47 horas de acompanhamento ininterrupto, muito cansaço, lágrimas, mas ver um parto, com o mínimo de intervenções, é a coisa mais linda desse mundo. Uma mulher guerreira e forte, um marido dedicado e companheiro, uma bebezinha loirinha e bochechuda, super saudável. Foi lindo!
Foi o primeiro parto que vi estando grávida e foi muito emocionante. O primeiro olhar do bebê para a mãe, uma cena que nunca sairá da minha cabeça. Imagino quando for a minha vez!
Mas veio a tona também a realidade. Parir não é fácil. É muito esforço físico, é dor, é desgaste! Num é só um mar de rosas não. Testemunhar isso também foi importante, para que minha escolha não seja romantizada ou baseada naqueles videos da internet que, editados e ao som de uma música linda, fazem o parto natural parecer um passeio.
O que é importante mencionar é: a fisiologia é perfeita. E isso é emocionante de ver. Ver como a cada contração a cabecinha se molda à vagina, vai distendendo a abertura para que não haja laceração do tecido (essa amiga não precisou de nenhum pontinho sequer, mesmo sendo pequenininha e parindo uma menina de 3,5 kg). A saída da cabeça numa contração, a rotação perfeita para que o ombrinho gire e saia de lado. A saída do corpinho. O choro, o bebê ficando rosado, vermelhinho, se oxigenando. A natureza é sábia, nosso corpo é perfeito e ver isso foi muito bonito.
E cansativo! MUITO cansativo. Mas valeu cada minuto das 47 horas que estive ligada nessa experiência.
Neste trabalho de parto, comecei a sentir as contrações de treinamento. Deu até um medo, visto que eu estava bem cansada, me alimentando pouco e dormindo menos ainda. Deu medo de algo fazer mal pra minha filha. Mas conversei com a obstetra que estava acompanhando o parto e ela explicou que a ocitocina fica circulando ali no ambiente, aumentada. Como meu útero está grávido, ele tem receptores e acaba sendo mais sensível à ocitocina do ambiente, que não faz mal algum. Neste dia e nos dias seguintes, em alguns momentos senti a barriga bem dura, uma bola rígida. Pouco depois voltava ao normal. Quem estiver passando por isso, a recomendação é só não ficar passando muito a mão na barriga neste momento (que acaba sendo nosso reflexo, né!), porque o útero ao ser estimulado acaba contraindo mais. Então, nada de preocupação, as contrações de treinamento são boas, são fisiológicas, Braxton-Hicks que as descreveu e as nomeou assim. Não sendo dolorosas ou ritmadas antes da gestação estar a termo, é só relaxar e evitar estimular muito o útero (seja alisando muito a barriga, seja se cansando demais).
Foi o primeiro parto dessa grávida aqui, mas não o último...

A 22a Semana ou Revelando



A semana da ultrassonografia morfológica. E da tensão, confesso. A vida se encaminhou de um jeito que eu estava sem trabalhar (por uma licença médica por causa do calor de 50 graus) e minha mãe veio passar uns dias comigo, em minha casa.
Providencial! Nem eu tinha noção do tamanho do desequilíbrio emocional que eu estava. Muito nervosa, ansiosa, chorosa. Precisando muito de cuidado e acolhimento. Meu marido trabalhando demais, alguns dias por mais de 12 horas, chegando em casa muito cansado, eu ficando muito sozinha e desamparada.
Uma confluência de acontecimentos fez com que minha mãe viesse, não foi nada planejado e por causa do meu estado emocional, não, foi um presente da vida mesmo. Minha mãe é um caso a parte. Somos muito amigas, ela é extremamente carinhosa e cuidou de mim como ninguém. Cuidado de mãe mesmo, de conversar, fazer comida, deitar junto, fazer carinho. Eu estava precisando demais.
No meio da semana fomos lá, fazer o exame. Eu daquele jeito, nervosíssima. Meu celular não parava um minuto. Whatsapp, facebook e mensagens de celular, todos querendo saber se era menino ou menina e me colocando mais nervosa ainda. Eu só queria estar no casulo e ver se o bebê estava bem, mais nada. Ainda tinha toda a satisfação social a dar, que saco!
Escolhi muito bem a médica que faria o exame, pois não queria ouvir piadinhas sobre minhas escolhas de parto. Quem fez foi uma médica humanizada aqui do Rio que eu ainda não conhecia pessoalmente, só de nome. Qual não foi minha surpresa quando vejo que ela tem a minha idade, bem jovem e alegre, perfeita para a ocasião.
Quando coloca o aparelho na barriga, aparece os fundilhos do bebê, bem a parte genital - o bebê estava de cabeça pra baixo e ela posicionou o aparelho na parte alta da barriga. Logo vi duas bolinhas na tela. Ela pergunta se temos preferência de algum sexo e eu só respondi que meu marido (e todo o resto do planeta) achava que era menino e que eu estava vendo ali as duas bolinhas (que imaginei serem os testículos, do alto do meu diploma em radiologia rs). Qual não foi minha segunda e maior surpresa da manhã quando ela diz: então todos erraram, que é uma MENINA. Aquilo ali são os lábios, é uma vulva ali! Fiquei assim:



Completamente CHOCADA! Gente, são 5 meses ouvindo TODOS os pitacos possíveis e imagináveis de que este bebezinho é menino. Do meu marido, da família, do pessoal do mestrado, das vizinhas, do povo que nem me conhece e na rua pergunta...pelos mais variados motivos: porque tive enjoo, porque estou cheia de espinhas, porque minha barriga é pontuda, porque eu estou bem magrinha, porque sei lá...porque é menino e pronto.
Até eu acreditei, acabei achando que era menino e me preparei para isso. O que eu não falei para NINGUÉM desde que pretendia engravidar é que meu sonho sempre foi ter uma filha. Quem me conhece há anos sabia disso, mas como nunca mais falei nada, o assunto caiu no esquecimento.
Eu nunca falei nada porque realmente a partir do momento que se faz a escolha de ter um filho isso passa a ser menos importante. Filho é filho e será amado, sendo menino, menina, sendo menino que quer virar menina ou vice-versa. Será educado e amado por mim da mesma forma. E eu acho que é o tipo de coisa que não se pode "querer". Se escolhe ter um filho e se roda a roleta. A vida dirá. Se terá os cromossomos no lugar, os órgãos, se será isso ou aquilo, não nos cabe mais escolher. A escolha é ter ou não ter filhos.
Mas na hora que a médica falou, me veio à cabeça tudo que sempre pensei. Em 1997 quando menstruei pela primeira vez e pensei que eu queria sim ser mãe, nas bonecas que brincava, no vestidinho que comprei em Salvador em 2008 para uma futura filha que eu tivesse...nossa, que sonho! Fiquei muitíssimo feliz!
Depois vieram quase 40 minutos de medições de órgãos e sempre após o silêncio da médica enquanto media, vinha uma exclamação: maravilhoso, que beleza ou coisas do tipo, indicando que estava tudo bem.
Que alívio! Parecia que 1 tonelada saía dos meus ombros, do meu peito. Saí da clínica como que renascida, o céu azul, tudo lindo, tudo alegre. Feliz demais pela saúde da filha e por ela estar aqui me habitando e me surpreendendo.
Relaxei totalmente, avisei a todos, curti um dia delicioso com minha mãe, comprei uma roupinha pra neném, para marcar o momento...ufa, bom demais!
465 gramas, coraçãozinho batendo a 145 bpm e minha menininha aqui, mexendo e pulando, saudável e aguardando o dia de vir pra esse lado de cá.
Felicidade define!

10/03/2014

As 20a. e 21a. semanas ou O medo



Na 20a. semana o armário e a cômoda que compramos foram entregues e montados. Nem acreditamos, foram 5 dias antes do prazo dado pela loja. Tão bom comprar e ficar satisfeita com o que se comprou, com o atendimento. Os montadores uns fofos, simpáticos, ágeis e corretos, gostamos muito.
Planejávamos iniciar a pintura do quarto neste final de semana, mas fomos surpreendidos pela montagem dos móveis - obviamente gostaríamos de ter pintado o quarto ANTES deles terem chegado, mas ficamos tão felizes com a entrega que nem nos abatemos. Compramos as tintas e uma lona bem grande para cobri-los e iniciamos a pintura. Escolhemos um tom azul bem clarinho, tom sereno e que gostamos muito, além de acharmos azul uma linda cor para ambos os sexos.
Fiquei fissurada na música Aquarela, do Toquinho e vendo o clipe nos encantamos com os desenhos. Como meu companheiro tem uma tia com incríveis dotes artísticos (pintura, desenho, artesanato), decidimos pedir a ela que fizesse uma pintura na parede, para que possamos cantar a música para o bebê. Encontramos com ela, conversamos e ela topou.



Desde o início, sempre desejei um quarto que fosse infantil, alegre, de criança. Não gosto de coisas muito pastéis e gugu-dadá, para bebezinhos, porque acredito que o quarto será, num primeiro momento, mais para guardar as coisas do que o bebê, visto que ele ficará a maior parte do tempo comigo, por causa dos meus planos de amamentação em livre demanda, que exige que o bebê esteja perto e não no cômodo ao lado. Sendo assim, o quarto deverá ser algo que dure anos, até que o bebê vire criança e possa desfrutá-lo e se sentir bem lá.
Ao mesmo tempo, desejávamos algo com um significado, algo bonito, mas lúdico e esta música foi perfeita. Me emociono muito ao ouvi-la e ao assistir o clipe, principalmente a parte:
"Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
Depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá"



Atingimos a metade da gestação e um misto de saudade e ansiedade começou a tomar conta. Sim, passou bem rápido essa primeira metade, ao mesmo tempo que foram muitos dias de amadurecimento e reflexão.
Comecei a ficar MUITO nervosa com a ultrassonografia da semana que vem. Muito mesmo. Me deixei tomar pela sombra novamente. Preocupada, chorosa, calada, pensativa. Humor flutuante, hormônios tomando conta. Marido sofreu e foi compreensivo na medida do possível.
Menos mau que tivemos consulta com a Enfermeira Obstetra e ela já nos recebeu falando ser muito comum nesta fase da gestação os temores de se o bebê está bem, o medo de alguma anomalia e a neurose de que talvez não merecemos ser totalmente felizes. Obviamente desabei a chorar e fui maravilhosamente acolhida. Conversamos muito, trabalhamos os medos, ela conversou com meu companheiro para que ele soubesse como me apoiar e ter paciência para me compreender, já que ele é muito positivo e acha que eu deveria ser mais confiante.
Mas as sombras estão lá e de vez em quando elas surgem e tomam a cena. Bom é poder ser acolhida e cuidada nessas ocasiões. Como psicóloga, tenho a mais profunda certeza de que falar a respeito é fundamental e trabalhar esses medos falando deles e os exorcizando é muito importante para não sobrecarregar o sistema aqui!
Engordei 700 gramas desde a última consulta, mas ainda não atingi o peso que eu tinha quando engravidei (58kg). Estou com 56,7 kg. O altura uterina está 24 cm, 2 cm a mais que o esperado, mas sem problemas. Ouvimos o coraçãozinho no sonar e o bebê mexeu demais, escapava toda hora, foi lindo. Novamente a Enfermeira abordou o bebê com aquele carinho e respeito que me emocionam. Saí de lá flutuando!
No final de semana o quartinho ficou quase que totalmente pronto, só faltando os detalhes decorativos. Fiquei felicíssima! Entrar lá e saber que todas as coisas da pessoinha estão lá, guardadas com carinho, construindo também um lugar pra ela...muito bonito e emocionante.
E que venha a próxima metade!!!

06/03/2014

As 18a e 19a Semanas ou A delicadeza



Como já era de se esperar, deixei passar tempo demais e não lembro direito o que houve na 18ª semana. Senti mais vontade de comer o que eu gostava antes...doces, massas, bobagens. Confesso que manter os hábitos de grávida se sentindo tão bem é difícil, viu? Vontade de refrigerantes...besteiras em geral. Mas segui me controlando muito no refrigerante e pouco nos doces, porque o negócio é realmente gostoso.
O calor no Rio de Janeiro ultrapassou e muito os 40 graus e chegar ao trabalho com mega engarrafamentos num ônibus sem ar condicionado foi bem difícil.
Mas no geral, tudo muito bem! E a bolotinha caminhando pra lá e pra cá na barriga, bem de leve, geralmente de noite.



A 19a semana marcou o início de um novo projeto profissional, o grupo de apoio ao parto Maternidade Suave, que se reúne quinzenal e gratuitamente na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Fui convidada para coordena-lo, junto a duas amigas doulas e a primeira reunião foi bem nesta semana.
A reunião foi ótima, começou com o pé direito!
Realmente aposto na suavidade e na delicadeza para levar a vida, quando possível. A maternidade então, principalmente. Muitas cobranças, muitas regras aqui e acolá, muito julgamento. No ativismo do parto às vezes a mão fica um pouco pesada e informação e julgamento muitas vezes se confundem, o que não gosto. Essas duas amigas pensam de forma muito parecida e creio que conseguimos criar um espaço de discussão rico, repleto de informação, sem mitos, mas com suavidade e delicadeza.
Fiquei sem o marido e dirigi mais de 150 km sozinha, visitei meus pais, vi algumas tias, me senti bem, foi muito bom. Não gostei de dormir sozinha sem ele em casa, mas isso eu já não gosto mesmo.
Começou uma certa ansiedade para o ultrassonografia morfológica, que será feita com 22 semanas. Todos começam a perguntar (e perturbar) se espero um menino ou uma menina, enquanto eu só me preocupo se está tudo bem, se os órgãos estão todos no lugar, funcionando bem.
A barriga está bem grandinha, bonitinha, gravidez óbvia e comentada! Na rua, no transporte, todos perguntam, querem saber. Na grande maioria das vezes, demonstrando apreço e empatia. Algumas vezes com os infinitos pitacos...faz parte!

07/02/2014

A 17a. semana ou Carinho de dentro pra fora



Prosseguimos nos preparativos do quartinho e outras coisas do bebê.
Em agosto, viajamos pros Estados Unidos e trouxemos um carrinho e cadeirinha de carro. Não, eu não estava nem tentando engravidar, mas achei que valeria a pena trazer pelo preço, visto que as tentativas começariam logo após a viagem. Muita gente me chamou de doida e apressada, mas eu sempre respondia: mesmo se não conseguir engravidar serei mãe, pois adotarei um bebezinho e o carrinho será usado! Essa frase é verdadeira e dita de todo o meu coração. Adotaríamos uma criança caso eu não engravidasse e descobríssemos algum impedimento.
Sendo assim, nesta semana montamos este carrinho, que nunca tínhamos tirado do plástico, nem pra conferir as peças. Foi bem legal! Vimos o carrinho montado, tentei "pilotar", vi que sou bem ruim de roda, lemos os manuais, testei o peso dele - que era algo que me preocupava - fiquei satisfeita com a compra que fizemos.
O carrinho que compramos foi o Expedition, da marca Baby Trend. Não, não é nenhuma das marcas ou carrinhos que vemos sendo comprado por pessoas que vão fazer enxoval fora, nem nada disso. Fomos para os Estados Unidos visitar familiares e amigos, dentre eles um casal com um bebê de 1 ano e meio. Este era o carrinho que eles tinham, usavam desde que o filho nasceu, pau pra toda obra. Mesmo agora, com menino grande e muito pesado, o carrinho os atendia e muito bem. Seguimos a indicação e compramos, preço excelente, bom material. É esse aqui ó:



Ainda não usamos com um bebê, mas só de montar e desmontar em casa me pareceu uma ótima compra. Sim, tinham carrinhos bem mais bonitos e modernosos, marcas famosas, fiquei com muita vontade. Mas se tínhamos ótimas referências deste e o preço era bom, porque não? Trouxemos!
Fomos a Petrópolis no final da semana e compramos o guarda-roupas e a cômoda que pretendíamos. Até o final de fevereiro irão entregar. Bonitos, de madeira, preço pagável.
Fiquei muito feliz ao dar início aos preparativos das coisinhas do bebê. Ver que está tudo se encaminhando. Eu não queria desespero, nem deixar nada pra última hora. E eu sou especialista nisso, tudo meu é aos 45 do segundo tempo. Queria aproveitar as férias que terei no final da gestação para descansar e só. Queria tentar organizar o máximo de coisas possível ainda no segundo trimestre. Veremos até onde é viável este plano!

Mas o mais importante por último!!! Na consulta com a Enfermeira, ela nos ensinou como perceber os movimentos do bebê. Disse que muitas mulheres sentem até com 14 semanas, apesar dos livros dizerem que só dá pra sentir a partir das 20. Posicionou minha mão embaixo do umbigo, quase no púbis e disse que eu sentiria umas bolhinhas por ali, que seria o bebê, pra eu confiar em minha percepção que logo poderia sentir.
E foi na sexta-feira, dia 24/01, eu estava deitada no sofá, vendo TV com o marido. Coloquei a mão na parte baixa da barriga, como sempre, aquela coisa de alisar barriga que toda grávida adora. E senti, do lado esquerdo. Totalmente inconfundível. Nosso filho ou filha mexeu. Como uma bolinha que se move, como um carinho de dentro pra fora. Imediatamente chamei o marido e coloquei as pontas dos dedos dele apertando bem onde eu tinha sentido, do lado esquerdo e até ele sentiu, de tão forte que foi. Aquela bolinha andando pela barriga...é vida, é criança, é nosso.
Indescritível, emocionante. Como na ultrassonografia, só me restou ficar silenciosa e boquiaberta, tamanha emoção. Poder compartilhar, na mesma hora, com o marido foi tão lindo quanto, pois é no meu corpo, mas é nosso bebê!
Que semana boa, outro importante marco de nossa relação, conexão e aprendizado juntos. Agora te sinto, fisicamente, materialmente, pessoa querida que me habita, e é bom demais!

A 16a Semana ou A humanização do cuidado



Esta semana começamos a olhar as coisas do quartinho do bebê, muito de leve, para ter noção de preços e ideias.
Queremos comprar um guarda-roupas e uma cômoda, ambos de madeira de verdade - e não de MDF, compensados, modulados, essas coisas que duram menos em nossa opinião careta de montar casa. Foi difícil! Fomos em dois grandes showrooms de móveis (aqueles que várias lojas se agrupam e vendem os produtos) e não gostamos de nada. O que é bonito, ou é caro ou não é de madeira, o que é de madeira não é bonito ou não nos dá muita opção. Ficamos decepcionados, mas foi importante para ter noção dos preços e planejar o orçamento.
Eu gostei muito de sair com meu companheiro para ver essas coisas. Damos bem menos valor a decoração do quarto, etc, do que outros casais grávidos, mas poder pensar em algo que faremos para o bebê, como colocaremos os móveis, cores e afins foi muito bom, leve e gostoso. Essas materialidades, apesar de termos grande senso crítico com o consumismo desenfreado, são importantes também para dar lugar ao novo (a) membro da família, para pensarmos como será daqui a alguns meses. Acho que até para comprar um guarda-roupas cabe uma reflexão!!!

Tivemos também nova consulta com a Enfermeira Obstetra, a segunda da gravidez. Eu estava bem ansiosa, positivamente falando. E, claro, foi maravilhosa. Emagreci mais meio quilo, apesar de estar até bem barrigudinha e isto é reflexo de estar comendo bem menos no geral e muito menos porcarias particularmente. Eu realmente achei que as comidas de final de ano teriam me dado um quilinho a mais.
Agora lindo e inesquecível foi o momento em que ela foi tentar ouvir o coração do bebê. Ela nos explica que na 16a. semana o bebê já está com a audição desenvolvida, que é importante conversar com a pessoinha, pro pai sempre se aproximar e falar quando tiver vontade, pois ela já estará ouvindo. E aí ela mede o fundo de útero, nos ensina a diferenciar na barriga o que é útero e o que são os outros órgãos (é incrível, apertando a altura do umbigo, sentimos direitinho algo arredondado, diferente). Aí então ela se aproxima da barriga, tocando devagar e se apresenta ao bebê...chama ele de "amor" e pede desculpas, pois vai tentar ouvir seu coraçãozinho e apalpar e pode incomodá-lo. Nada "tatibitate", bobo não. Uma fala sincera, bonita, de uma profissional que carinhosamente se apresenta. Me emociono só de lembrar. Uma postura tão diferente, sabe? Entendo, em meu âmago, o que é cuidado, o que é acolhimento...

Quando eu fiz residência em saúde da família e mesmo durante o período que fui "só" uma trabalhadora da ponta do Sistema Único de Saúde, algo que sempre discutíamos, em textos, reuniões, congressos, seminários é o que seria acolhimento, cuidado acolhedor, humanização da assistência, como esses conceitos tão lindos nos textos se presentificariam na prática, no posto de saúde, com o usuário que procura o serviço. E nestes menos de 4 meses sendo uma cliente de pré-natal, sei qual é o sentimento de ser cuidada com acolhimento e humanização. E isto é tão, mas tão mais importante do que discutir via de parto, se cirúrgico, se natural, se agendado ou de surpresa.
Sem querer me alongar muito, mas em minha história de vida, já fui por 2 vezes duramente tratada por médicos, oftalmologistas no caso. Por duas vezes, uma aos 9 anos e outra aos 27 anos, médicos falaram pra mim, como se fosse qualquer coisa comum, que eu ficaria cega. Sem nenhum cuidado, de forma ríspida, desdenhosa, mal olhando pra mim. O primeiro ainda o fez em tom de piada. E, detalhe: não eram informações totalmente verdadeiras. Eram carregadas dessas "adivinhações" que alguns médicos amam fazer, do tipo "vai viver só mais 2 anos". Isto marcou muito a minha história, meu jeito desconfiado de receber qualquer diagnóstico...pois as pessoas exageram, erram e até mentem, muitas vezes sem se preocupar como ficará quem está recebendo esta notícia. E, nas duas vezes, eu procurei outro profissional, também médico oftalmologista, que se sentou ao meu lado e me explicou carinhosamente que não era bem assim, que cada um é de um jeito, que eu deveria ficar calma e me cuidar sim, mas sem me preocupar tanto com prognósticos.

Sendo assim, desejo do fundo do coração que todas as pessoas pudessem experimentar esta forma de ser cuidada, com atenção, com sinceridade, disponibilidade e empatia, ainda mais na gestação, momento de tantas inseguranças, medos, expectativas e sentimentos.