28/11/2013

A 7a semana ou A consulta



Percebi uma boa melhora em relação à semana anterior. O enjoo continuou, mas a indisposição melhorou e muito. O clima melhorou, o Sol saiu, ajudando a melhorar o humor. Tomei sorvete, tive vontade de comer mais coisas, me senti melhor. Ao acordar, o enjoo ainda vinha bem pesado, mas após o almoço eu me sentia muito bem. Mais feliz, mais bem disposta, mais animada.
Era uma semana de feriado nacional, decidimos ficar em casa mesmo, arrumar umas coisas do bebê que trouxemos da nossa viagem, outras muitas coisas que ganhamos do casal de amigos que tem um filhinho de 1 ano e tivemos a primeira consulta pré-natal.
A consulta foi ótima, descobri que emagreci 2 quilos desde que descobri a gravidez (me pesei no dia do resultado positivo). Conversamos muito, marido finalmente conheceu a Enfermeira Obstetra, tiramos dúvidas em relação a procedimentos pós-termo (após 41 semanas e 3 dias) - para quem se interessar: esperar nascer, com monitoramento mais frequente, chegando a acontecer a cada 2 dias após as 42 semanas - e conversamos sobre qual médica obstetra escolher, para fazer parceria com a Enfermeira Obstetra em nosso acompanhamento. Ela nos disse com quem sente mais confiança de trabalhar, gostamos da indicação, conversamos sobre valores das consultas e do parto, sobre como conversar com a família sobre nossas escolhas para o nascimento do bebê e chegamos ao assunto nevrálgico para mim: a cesariana.
Meu maior medo é precisar de uma cesariana. Detesto hospital, cirurgia, maca, soro na veia, médicos e enfermeiras que fazem coisas em você e não te explicam. Detesto não me sentir participando das decisões sobre meu corpo. Tenho verdadeiro pavor. Meu marido não fica atrás, detesta hospitais também.
Minha única experiência "cirúrgica" foi uma extração de siso e foi catastrófica. Fiquei tão nervosa que minha pressão subiu, piorando muito o sangramento e a dentista teve que interromper a cirurgia para conter um início de hemorragia, estabilizar minha pressão para depois continuar. Detalhe: eu não tinha nem 18 anos e minha pressão sempre foi baixa! A cada toque dela em mim eu pulava de susto, o que me fez levar muitas broncas. Ela e seu assistente conversando, com as mãos na minha boca e aquele cheiro de osso queimado, uma falta de ar...um filme de terror. Fiquei muito traumatizada!
Nunca fiquei internada e nunca passei por qualquer outra intervenção mais grave. Não tenho medo de tirar sangue em exames, já precisei tomar soro em 2 ocasiões na minha vida (mas em posto de saúde, com profissionais amigos que eu confiava totalmente), não é esse o problema. O problema é a vulnerabilidade. É me sentir um corpo sendo manipulado.
Mas sabemos que esta possibilidade existe. Segundo a OMS, cerca 15% de nascimentos por via cirúrgica é uma quantidade esperada, aceitável e previne mortes maternas e neonatais, logo não é uma percentagem tão baixa assim. Pode acontecer. Numa família de hipertensos e diabéticos (apesar de eu não ter nenhum problema de saúde até hoje), sei que algo pode acontecer e eu posso precisar de uma cesariana que, se bem indicada, irá salvar a minha vida e a do meu filho.
Mas eu tenho medo. Eu não quero. E eu preciso trabalhar isso em mim. A reflexão que a consulta me proporcionou foi bem profunda, eu não imaginava que tinha tanto bloqueio assim em precisar de uma cirurgia.
O que muitas mulheres já me relataram em relação ao parto, aquela ansiedade e medo de "o bebê está aqui dentro, como ele vai sair?", eu sinto em relação à cesárea. Espero que meu bebê possa sair pelo mesmo lugar que entrou, senão terei que me trabalhar muito para não ficar frustrada ou deprimida.
Agendada a cesárea não será, isto tenho certeza. Mas podem acontecer complicações que durante o trabalho de parto façam com que a cesariana seja bem indicada. Isso que me preocupa.
Mas temos um longo caminho pela frente para nos preparar. Para adquirir confiança e saber que vamos conseguir!

27/11/2013

A 6a semana ou A indisposição



Ainda bem que retornei de viagem! No dia que cheguei já começou o combo enjoo + mal estar + sensação de ter sido atropelada por um caminhão. Vontade de ficar só deitada o dia todo, no escuro. Fui abençoada com duas coisas que me ajudaram muito: estar de férias e uma frente fria que, em pleno novembro, fez o Rio de Janeiro parecer Londres. Chuva, frio, delícia para ficar na cama, como meu corpo pedia.
O único problema era a alimentação: não comer piora e muito os enjoos, mas eles não fazem com que se sinta vontade de comer nada. Logo fica uma luta: preciso comer, sei que é importante comer, mas não desce. A visão ou cheiro de qualquer comida faz o estômago revirar. Fui por tentativa e erro e descobri que água de côco e abacaxi bem geladinhos desciam. Que azeitona era ótimo para aliviar o enjoo. E umas torradinhas às vezes desciam também. Mas foi dureza.
O que achei mais difícil, confesso, foi a parte emocional. Eu fiquei muito triste de estar me sentindo assim. Queria estar feliz, radiante, realizada com a gravidez e lá estava eu de pijama, descabelada, mau-humorada e enjoada (literal e figuradamente).
Minha mãe ligava e eu tentava ser positiva, não comentar do mal estar, mas era bem difícil. Não queria ficar reclamona.
Como o planejamento era permanecer durante toda esta semana em outra cidade, a primeira consulta do pré-natal foi marcada para a semana seguinte. Mas eu tive curso com a Enfermeira Obstetra no final da semana e foi ótimo: ela me acolheu e falou palavras fundamentais.
Disse que este processo inicial de divisão celular exige muita energia, que não tem nada a ver com estar deprimida ou ser dramática, o corpo nos pede o que ele precisa. Meu corpo precisava repousar, calar, ficar paradinho para a divisão celular acontecer e era isso que eu estava fazendo. Com um sorriso no rosto e palavras carinhosas, ela mudou o meu astral e me senti muito bem. Não que os enjoos tivessem melhorado, mas meu emocional que melhorou. Como é bom estar bem acompanhada!
Para finalizar a semana, espinhas, muitas espinhas. Dezenas, nas laterais do rosto, na testa, nas costas. Doloridas, inchadas, vermelhas, inflamadas. Haja base e corretivo, pois nenhum creme para acne pode ser usado durante a gestação, logo a única coisa que se pode fazer é lavar bem o rosto várias vezes ao dia com sabonetes para acne e disfarçar com maquiagem.
Resumo da 6a semana: pijama, muitos seriados no computador, muitas sonecas ao longo do dia e pouquíssima comida.

26/11/2013

A 5a semana ou As cólicas



A 5ª semana começou estranha. Eu estava muito serena e tranquila, confiante, feliz. Mas tive muitas cólicas, cólicas leves, mas que duravam o dia todo, mas laterais da barriga, bem embaixo. Claro que fiquei preocupada.
Eu planejava iniciar o pré-natal só depois da primeira ultrassonografia, após ver a implantação do embrião e tal. Já tinha marcado a ultra pra 8ª semana, mas ainda estava longe e essas cólicas me incomodaram um pouco.
Resolvi ligar para a Enfermeira Obstetra/Parteira que me acompanhará. Já nos conhecemos, sou aluna dela num curso e ela comemorou muito a gravidez e me tranquilizou. Falou que as cólicas são normais e que é por causa da implantação do embrião no útero, que todo o tecido uterino fica diferente e em algumas pessoas fica bem dolorido. Ufa, que bom!
Eu tinha uma viagem marcada há meses: uma grande amiga ia ter seu bebê e eu marquei minha passagem para a DPP dela, mesmo sabendo da incerteza do nascimento. O bebê nasceu 1 dia antes da minha chegada, parto natural, lindo, ótima recuperação.
Os enjoos começaram, de leve. Se ficava de estômago vazio, não sentia fome, mas enjoo. Qualquer coisa doce me parecia intolerável, logo eu que sou viciada em doces e não fico 1 dia sem beliscar alguma coisinha.
Senti também um pouco mais de cansaço, de maneira geral. Uma necessidade de descansar, de diminuir o ritmo.
Foi muito interessante acompanhar uma recém-parida estando grávida. Uma sensação muito bonita de aprendizado. Já tinha acompanhado pós-parto das minhas 3 irmãs, mas todas tiveram seus filhos por cesariana. Fiquei encantada com o pós-parto de quem passou por um parto natural, sem intervenções, sem nem ter laceração.
Minha amiga estava bem, alegre, sem dores. Percebi nela uma grande vitalidade, muito diferente de uma recuperação cirúrgica, onde mal se consegue manter a postura ereta e levantar da cama é torturante. A barriga dela ficou muito pequena, achei impressionante! Quase normal, só um pouco molinha. Óbvio que ela estava cansada, o início da amamentação não é fácil, é dolorido, as noites são exaustivas, mas o semblante dela era outro. De prazer, de vivacidade. Mais um ponto a favor do parto natural!
O bebê era lindo e sereno e gordinho. Curti demais. Mas algo me chamava de volta pra casa. Uma saudade do ninho, do meu companheiro, da minha casa. Uma vontade de reclusão, de estar comigo mesma. Uma outra amiga fez um trocadilho perfeito: vontade de ficar chocando. E foi isso mesmo.
Gastei algumas muitas Dilmas e antecipei a passagem. Ao invés de ficar 1 semana fora, fiquei menos de 4 dias.
Foi a melhor decisão que tomei...porque a 6a semana não foi moleza, não!

22/11/2013

A 4a semana ou A desconfiança ou A alegria

E a 4a semana é a primeira, na verdade, de gestação, né! Porque uma gestação se conta a partir da data da última menstruação, mas sabemos que não engravidamos junto à menstruação. Logo tudo começa na 4a semana!
Aqui foi assim: a menstruação prevista para o dia 22/10, mas até então poderia atrasar uns dias sem significar nada.
Na madrugada do dia 22 para o dia 23 (quarta para quinta) teve uma grande ventania em alguns bairros do Rio, inclusive o que moro. Acordei de madrugada com portas batendo, os vidros da janela vibrando, o vento uivando. Levantei e fui tirar minhas plantinhas do parapeito, para evitar que caíssem com o vento, fechar as portas para não baterem.
Voltei pra cama no automático e deitei de bruços. Não aguentei! Uma sensibilidade imensa nos seios, doeu muito deitar de bruços. Uma coisa na barriga, uma sensibilidade diferente, parecia inchada...Sorri! Pensei, será? Não costumo sentir isso na TPM, coisa estranha...
Dia seguinte, tudo normal...mas a menstruação não veio. Tomei a decisão: se não vier até sexta-feira, farei o teste de xixi que eu tinha guardado.
Sexta-feira chegou e nada. Levantei antes do despertador e fiz o teste: uma linha muuuuuito fraquinha. Fiquei com medo de estar vendo coisas! Fui até o quarto acordar o marido e fazer a surpresa que planejei:

Dei esse body pro marido, assim que ele acordou. Ele achou o máximo, mas não entendeu que era o positivo! Quando eu falei, vibramos muito, mas ele ainda estava custando a acreditar.
Fiz o exame de sangue e estava lá, positivo. Saímos pra jantar pra comemorar e foi uma delícia, só alegria!!!
No final de semana contamos às famílias (pais e irmãos) e pedimos discrição até a primeira ultrassonografia. Recebemos muito carinho, foi uma delícia!
Resumo da 4a semana: só alegria!!!!

P.s.: O body é de uma loja virtual maravilhosa, a Marré deci. A dona é a Marina, um amor, sempre solícita nos emails e muito carinhosa. Uma mãe empreendedora que vale muito a pena apoiar. E para os nerds (como nós aqui de casa) é um prato cheio...muito Star Wars, Star Trek, rock e coisas bacaninhas.
Esta expressão, Bazinga, pra quem não sabe, é falada pelo Sheldon, do seriado The Big Bang Theory, quando consegue pegar alguém numa piada ou pegadinha!

21/11/2013

O Caminho até aqui - Parte II

Sendo assim, em Janeiro de 2013 parei de tomar anticoncepcional.
Como falei no texto Reflexões feministas - parte II, pela primeira vez me dei conta do mal que estava proporcionando ao meu corpo há tantos anos, sem qualquer reflexão, de forma automática, naturalizada e sem pensar nos efeitos. Eu e meu companheiro conversamos muito, ele também foi tocado com a oficina que participamos juntos em novembro passado e vinha notando as varizes em minhas pernas se reproduzindo ano após ano.
Decidimos que não era justo apenas um de nós sofrer todo o efeito deletério do medicamento, já que ambos não desejavam filhos naquele momento e, visando uma limpeza mesmo do organismo de tantas substâncias químicas, interrompi o uso e começamos a usar outros métodos para evitar a gravidez.
Passei a me observar: meu ciclo, meus hormônios, meu corpo, meu sangue. Tudo mudou. E para muito melhor. Para não dourar a pílula (com o perdão do trocadilho) a única coisa que piorou foi a acne. Tive acne na adolescência e após começar o uso do anticoncepcional ela reduziu para uma única espinha no período pré-menstrual. A bichinha voltou com tudo (pensava eu, logo vocês saberão mais sobre o assunto!). Mas comecei o tratamento dermatológico, com sabonetes e uma pomadinha, nada barra pesada para não voltar ao consumo frenético de medicamentos, o que controlou quase totalmente e fui sendo muito feliz fazendo as pazes com meus hormônios, me redescobrindo.
Fui a uma ginecologista obstetra conhecida por seus partos humanizados, fiz acompanhamento pré-concepcional. Tive grande melhora das terríveis enxaquecas que me acompanhavam por anos, fiz alguns exames de sangue, comecei a cuidar melhor da minha alimentação, comecei a fazer exercícios e o ano de 2013 foi passando com grande alegria e serenidade.
Em agosto, tiramos férias, visitamos amigos que não víamos há anos, vimos como é uma casa com um bebê, a importância da parceria do casal, porque a rotina é punk! Aprendemos um pouco sobre consumo (desenfreado e consciente), sobre o que é necessário ou não numa casa com um bebê, onde vale a pena economizar, onde não vale. Nos divertimos muito, nos curtimos, realizamos sonhos.
Na volta da viagem, a decisão: vamos começar a tentar! A princípio seria em outubro o início das tentativas, mas voltamos tão empolgados que resolvemos antecipar. Mas sem falar para ninguém, sem nos cobrar, sem neura de período fértil, sem medicalizar e medir, sem pressão. Vamos simplesmente parar de evitar e ver, quem sabe é rápido, quem sabe demora...o tempo dirá.
No primeiro mês de tentativas, setembro, claro que achei que tinha engravidado. Tanto tempo evitando paranoicamente que demora a virar a chave! Fiquei mal quando vi que não tinha rolado, confesso! Conversamos bastante e obviamente eu sabia que era uma tremenda de uma neura boba, me reposicionei e bola pra frente.
Em outubro, pensei muito pouco no assunto. Decidi fazer a seleção pro Doutorado, estudei muito, me cansei demais, horas a fio diariamente sentada escrevendo projeto, resumindo textos pra prova, estudando espanhol para a prova de línguas. Aniversário do marido, aniversário de casamento, tudo comemorado meio correndo, sem muito planejamento, pois a energia estava voltada pra seleção que eu tanto queria passar.
O resultado do doutorado sairia dia 25/10, mas antecipou e saiu dia 24: não passei. Fiquei bem triste, mais pelo esforço "perdido" (pois sei que nenhum esforço ou estudo nunca é realmente perdido) do que por não ter passado. A menstruação estava atrasada 2 dias, mas até então ela já tinha atrasado até 4 dias anteriormente, poderia não ser nada.
E foi dia 25/10 mesmo que saiu o resultado que eu tanto queria. A seleção tão importante, a da vida! Positivo! Foi muita felicidade!
Voltou com tudo a vontade de escrever, registrar, gritar por aí a alegria! E assim começamos nossa jornada...de passar a ser dois em um corpo só. De um casal passar a ser três. Quem quiser acompanhar...é bem-vindo!

20/11/2013

O caminho até aqui - parte I

O primeiro passo efetivo rumo à minha maternidade se deu em novembro do ano passado.
Então que, como disse no segundo post, mudei de tema no mestrado e estou nesta de escrever sobre parto, eu que já lia muito sobre o assunto, mais por curiosidade e desejo de me preparar para o que viria, num futuro até então incerto.
Com esta linda desculpa, me inscrevi no 21o. Encontro Nacional de Gestação e Parto Natural Conscientes, esse evento de nome pomposo que recebi a divulgação em meu email. Fui lá ver qual era, aprender, ouvir, conhecer pessoas.
O encontro era numa sexta, sábado e domingo aqui no Rio de Janeiro, num auditório simplesmente lindo, janelões abertos, luz natural entrando, um clima bem diferente dos novembros cariocas, onde os aparelhos de ar condicionados gelam todos os lugares possíveis.
Resumindo: o Encontro foi tão intenso sexta e sábado, que não tive corpo para voltar domingo. Cada palestrante demonstrava tamanho respeito pelo tema, uma aposta tão profunda e verdadeira, uma militância na vida, que nunca havia presenciado em nenhum evento do tipo. Doulas, pediatras, enfermeiras, parteiras, acadêmicos...independente da via de ligação com a temática, todos estavam de tal forma imbuídos na preocupação de divulgar, informar e reproduzir um pensamento de respeito ao nascimento, ao processo de gestar, parir e cuidar, que me tocou profundamente. Revi minha relação com meus pais, meu processo de ser gestada, nascida (de cesárea eletiva) e cuidada, aprendi e refleti muito.
O público era muito variado, desde doulas que viajaram centenas de quilômetros, até casais, mães e pais, profissionais, crianças. Isto favoreceu o tema das palestras, sem aquele ar professoral tão presente em eventos, mas uma calorosa conversa, onde todos estavam em sintonia.
A partir deste evento, me senti realmente no caminho para poder também gerar. Me senti extremamente privilegiada por poder aprender tudo isso antes de estar grávida ou ser mãe, por ter tempo para processar essas informações e sentimentos sem estar atravessada pelo turbilhão de hormônios e medos que vêm junto com o filho.
Uma semana depois deste encontro, uma das palestrantes, inglesa, a Julie Garland, fez um workshop voltado para casais que pretendem ter filhos, baseado num programa que ela oferece na Inglaterra para este público. Basicamente ela fala sobre preparação física, emocional e até espiritual para o processo de gestar. Muitíssimo interessante. Fomos eu e meu companheiro, um pouco desconfiado, mas topando experimentar. Foram quase 10 horas de grupo de conversas, experiências e aprendizados e, para falar o mínimo, foi transformador. Fundamental!
Assim, em novembro de 2012, essa revolução teve início.
Do particular, privado, para o coletivo. O que esse aprendizado teve de importância para meu próprio crescimento pessoal, acabou se tornando tão grande que não coube e transbordou, teve que sair, pra atingir também outras pessoas.
Mudei de tema, conheci pessoas, me inscrevi em dois cursos de formação de doulas (com abordagens diferentes e igualmente maravilhosas).
Participei de um parto como doula voluntária numa maternidade pública aqui no Rio. Vi muita violência obstétrica, tanta que me impediu de voltar.
Agora acompanho 3 gestantes e seus bebês, ansiando apoiá-las num parto respeitoso.
Mas o principal foi a urgência em dar continuidade na preparação física e mental para gestar, mesmo sabendo que provavelmente ainda demoraria um ano inteiro para isso...

19/11/2013

O caminho até aqui - Introdução

Fato que é que sou mãe!
Ainda é estranho falar em voz alta, mas é verdade.
Após 2 meses de tentativas, o exame positivo. Que alegria!
São muitos blogs de maternidade, mas resolvi escrever aqui semanalmente como andam as coisas. Pouquíssimas pessoas sabem, logo, se você é um dos meus 3 leitores e me tem no facebook, peço que não comente nada por lá por enquanto.
São muitas estatísticas negativas..de 10 a 20% de todas as gestações são inviáveis e resultam em aborto espontâneo até a 12ª semana.
Claro que, otimista de carteirinha, tenho a certeza de que em julho haverá mais um flamenguista nesse Rio de Janeiro, mais uma pessoinha morena e muito amada, mas ao menos até dia 22 de novembro quando faremos o primeiro ultrassom e veremos o coraçãozinho pulsar, quero manter a discrição.
Sendo assim, gostaria de registrar todo o caminho até aqui.
São muitas lembranças, composições, construções para a minha maternidade, como escrevi no último texto.
Algumas, especialmente, acho importante ficarem registradas.
Hoje começo com uma lembrança de Julho de 1997, ano da minha primeira menstruação.
Neste julho, viajei para Cabo Frio com meus pais e ia muito à praia sozinha, para ler, pensar, coisas que sempre amei fazer. Numa dessas idas ao mar, barriga bem inchada e sensível indicando que a menstruação viria, alisei a barriga e pensei: que barato que deve ser estar grávida! Esta é uma das minhas primeiras lembranças de que eu realmente queria ser mãe, queria gestar um dia, num futuro. Eu tinha 13, quase 14 anos.
Lembro também de uma preocupação quando muitas amigas do colégio já tinham menstruado pela primeira vez e eu não. Eu sabia que para engravidar um dia era necessário menstruar e tinha medo de não menstruar nunca. Sempre me senti atrasada, que coisa doida!
Hoje percebo que não tinha nada demais, menstruei pela primeira vez com 13 anos e alguns meses! É que havia as meninas já com corpo de mulher, seios fartos, quadris largos já nessa idade e eu era tão magrinha, tão menininha, que temia nunca me sentir uma mulher.
Bom, neuras a parte, nada disso aconteceu! Menstruei sim e sempre regularmente, evitei durante anos uma gravidez indesejada, me preparei demais para gestar e cá estou, a cada dia com mais certeza de que quase nada prepara para essa deliciosa experiência.
Me pego quase sempre emocionada, geralmente lerda e burra, às vezes temerosa e preocupada...será? Será que irá tudo bem? O bebê crescerá bem e saudável? Será que é um só? Será que terei meu tão desejado parto? Será que seremos bons pais? Será que o dinheiro vai dar?
São perguntas que vem e vão, sem muitas neuras, mas que compõem esse novo estado em que me encontro. Amanhã continuo...