29/05/2013

A minha maternidade

Muitos assuntos que gostaria de escrever, mas sem muita iniciativa...até que um cartão da Lu, dizendo que gostava do blog, me animou.
A partir de uma conversa ao telefone ontem, pra variar reflexões sobre a maternidade, comecei a pensar em como está se constituindo a minha maternidade. Sim, é uma experiência única, singular, mas não individual, já que construída por minha relação com tantas mães ao meu redor.
Ainda não sou mãe, digo ainda pois pretendo ser em breve. Mas percebo que minha maternidade começou com minhas primeiras lembranças, que eram de um corredor escuro, quando eu acordava no meio da noite, saía do quarto que dividia com minhas 3 irmãs e ia me deitar com minha mãe, na cama dos meus pais. Essa experiência, de ter sido sempre acolhida no meio da noite, esse aconchegar na cama quentinha, agarradinha com ela, sem nunca ter sido mandada de volta para minha cama, constitui a minha maternidade.
Com 8 anos fui tia, minha irmã teve um bebê e durante um tempo moramos todos juntos. Minha mãe ajudava a cuidar do bebê enquanto minha irmã trabalhava, sem usar mamadeira para não comprometer a amamentação. A inesquecível cena da minha sobrinha, ansiosa, apressada, abrindo os botões da blusa da minha irmã para mamar, seja com 6, 10, 15 ou 20 meses, e mamar ao seio esticando a mãozinha para ser beijada, constitui a minha maternidade.
Em uma festinha de aniversário de um ano da filhinha de uma amiga, conversamos sobre cansaço e a conciliação da vida profissional e a maternidade. Minha amiga comenta que a filha acorda cerca de 3 vezes por noite e ela entende que isso é para estar junto com ela, já que passam todos os dias, de segunda a sábado, separadas enquanto trabalha. Eu insinuo que isso deve ser bem difícil e cansativo, ao que ela, com um imenso sorriso, me diz que adora, pois ela também sente muita falta da filha e se o encontro delas por enquanto é noturno, durante a amamentação, foi o possível e ela aceita. Este sorriso constitui a minha maternidade.
Não são cenas idealizadas, longe de associar maternidade a sacrifício, mas refletem escolhas de determinadas maneiras de se relacionar com o filho, seja bebê ou criança, jeitos de maternar que me são inesquecíveis, e que pretendo seguir.
Acolhimento, afeto, amamentação, encontro, carinho, saudade...palavras que creio serem bem importantes nesta relação mãe-filho, que já experimento como filha e imagino como será do outro lado.
A correria deste moderno jeito de viver coloca estes conceitos à prova o tempo todo, com Super Babás e Desencantadoras de Bebês que pregam a manipulação de seus pais pelos filhos, estimulam o "deixar chorar", o leite artificial, a aparente felicidade da mãe em primeiro lugar. Digo aparente pois não creio que uma mulher ficará feliz ao fechar a porta e deixar seu filho chorando.
Acredito em relações, equilibradas, sinceras e sólidas, encontros bons, que trazem alegria e segurança. Sou contra mentiras, manipulações e adestramentos, em quaisquer relações, principalmente onde um é superior em idade, altura e experiência, como no caso da maternidade.
Longe de ideais cosméticos, com altas doses de realidade e amor, assim venho construindo minha maternidade.

4 comentários:

  1. Tô te aplaudindo de pé!!! (bom, pelo menos na minha cabeça, pois na verdade tô sentada e amamentando! haha). Que belíssimo texto, Helena! Parabéns pela lucidez!

    Eu não tinha essa percepção toda antes de ser mãe - nunca tive sobrinhos, nem amigas com filhos (qdo elas tiveram filhos eu ja morava fora, então não acompanhei). Fui me moldando à medida que fui sendo mãe, que fui respondendo às demandas da maternidade e percebi que não poderia de forma alguma ser uma mãe diferente da que sou hoje. Adoro o toque, a presença, a conversa, o olho no olho, o abraço, o colo. Tudo isso que você conseguiu resumiu tão bem!

    Amei! Que bom que voltou a escrever! :D

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  2. Que bonito, Helena! Também não tinha toda essa percepção quando engravidei, até por que de fato não me preparei para engravidar, mas tenho construído minha maternidade diariamente com o Lorenzo, baseada muito nesses afetos que você relatou. Acredito que a experiência materna é única e, por mais que pareça clichê dizer, só sendo mãe para saber. rsrsrs... Parabéns pelo belo trabalho que você tem feito!

    Bjs!

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  3. Oi Helena!
    Obrigada pelos parabéns lá no blog.
    Adorei esse post. Pois é, como acadêmica, também passei por uma fase de "preciso me educar/preparar para maternidade." Bem, não sei se passei pela fase, pois acho que ainda estou nela kkkk Acho importante ter esse conhecimento (externo e interno/introspectivo), para poder fazer decisões bem informadas.
    Beijinhos e bom final de semana!

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  4. Primeiramente, obrigado pela indicação do "PaiVirgula", que cara mais sensaiconal, sua história com esposa e o Dante. Fiquei de cara, impressionante! Nossa, que lugar gostoso aqui também. Vc ainda não é mãe e quer ser? Eu não era pai, não queria e ainda repreendia a todos, eu era mais complicado com esse tema ter filhos, dentro de minha cabeça, os resquícios "homosapienticos" me diziam que "o mundo atual está tão complicado" (renato russo) que para mim, carregar um serzinho era utópico. Para alguém como eu, fui brindado com gêmeos hehehe. Sendo assim, uma pessoa como eu, anti-filhos, hoje sou apaixonado pela ideia e incentivo a todos. Assim que, seu filho, ou filhos estão de olho em você, espiritualmente, para estarem ao lado em pessoa um dia. Obrigado

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